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No CNN Portugal Summit desta terça-feira, dedicado ao tema da “Inovação em Saúde”, John C. Malone, professor de Neurociência e Neurologia na Johns Hopkins University School of Medicine, afirmou que Portugal pode ser um líder nesta área. A própria Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, destacou, desde o primeiro momento, o valor que as soluções de IA trazem para os doentes, abrindo caminho a uma visão modernizada e centrada nos utentes. Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde, Maria do Céu Machado, ex-presidente do Infarmed, Álvaro Almeida, diretor-executivo do SNS e Joaquim Brites, presidente da APN, juntaram-se o debate falando sobre os hospitais e os doentes do futuro. Adalberto Campos Pinheiro salientou que “temos que ser avaliados pelos resultados”, mas sublinhou que essa avaliação deve privilegiar a excelência, pois, sem ela, a sustentabilidade é um risco — não apenas em saúde, mas também em inovação, educação e ciência.  Álvaro Almeida, Diretor‑Executivo do SNS, admitiu que “são reconhecidas as dificuldades de gestão do SNS” mas explicou que nem sempre é fácil quando o fundamental é “gerir o urgente mas também o importante”. Ou seja, dividir e equilibrar a função da DE entre planeamento estratégico e a gestão das crises reiteradas. Maria do Céu Machado reforçou a ideia de que incorporar novas tecnologias, como a IA, é vital para elevar padrões de cuidado e segurança do doente.  Já João Santinha, investigador na Fundação Champalimaud, elegeu a premissa da ética ao incorporar as novas tecnologias na medicina. “Cada vez mais qualquer solução é avaliada de uma forma séria, tendo em vista que não deve causar dano a ninguém”. A inovação deve ser transparente, rigorosa e isenta de vieses.  
Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, foi contundente ao afirmar que “a inovação tem evoluído de forma exponencial”, seja na IA seja no diagnóstico e tratamento. Adicionalmente, observou que “as pessoas hoje têm uma muito melhor saúde, por isso vivem mais tempo, o que implica maior carga de doença e exige mais cuidados a longo prazo". “E temos doenças crónicas das quais, há uns ano, não se sobrevivia", factos incontornáveis que aumentam muito a necessidade de investimento em saúde, alertou, questionando onde temos que investir. "Uma área fundamental é o desenvolvimento tecnológico; É a tendência mundial”. Mas também há urgência no investimento na organização do sistema de saúde, que “no meu ponto de vista está muito aquém das necessidades”. Para Carlos Cortes, são essenciais questões como prevenção, literacia e integração de sistemas — áreas onde a IA pode intervir com sistemas preditivos e monitorização contínua. Salientou ainda que “nestas áreas investe-se pouco porque os resultados destas políticas só se veem ao fim de 5 ou 10 anos, o que não é interessante para os governos”. Por isso, reforçou, é vital apostar na integração, e, acrescentou, “devemos apostar na promoção e manutenção da saúde e isso faz‑se com literacia, prevenção e educação”. O Bastonário fez questão de relembrar, ainda, que “quem traz a inovação para Portugal são os médicos”: são eles que, “vão a congressos e a estágios e trazem a inovação para o nosso país”. A profissão médica, frisou, é um motor de inovação e de proximidade ao potenciar a telessaúde — teleconsultas e telemedicina — que permitem melhor acesso; “Um Simplex é essencial para o sistema de saúde”, conclui.

Se é verdade que os indicadores de saúde melhoraram muito, é chegado o momento de colocar o foco no doente — aproveitando a IA para personalizar a experiência clínica. É essa a opinião de Fernando Leal da Costa que reforçou a ideia transmitida pelo Bastonário da Ordem dos Médicos ao relaçar que “os profissionais de saúde são tudo menos resistentes à inovação”. Defendeu a importância de avaliar o que fazemos para perceber se é eficiente em termos de valor acrescentado para o doente. Mas há que haver vontade política. E, de forma enfática, propôs “acabar com as juntas médicas e com os relatórios enormes que fazemos; perdemos horas imensas do nosso trabalho a levar doentes a juntas médicas nas quais os colegas que lá estão podiam simplesmente consultar e confirmar o processo que está clinicamente fundamentado”. Se isso acontecer, concluiu: “quem o fizer já ganha o Nobel da reforma do Estado”.  Por fim, Guilherme Gonçalves Duarte, Diretor Executivo da UNITE Parliamentarians Network for Global Health realçou que o SNS deve preocupar‑se com interoperabilidade e segurança, desenvolvendo “soluções adaptadas aos contextos dos locais que deem aos profissionais de saúde as soluções que precisam em tempo útil”.  

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